Em julho de 2012, o Senhor
Jesus me fez atentar para essa situação. O meu coração se entristeceu muito ao
perceber que, já há alguns anos, eu estava honrando minha mãe, mas não estava
honrando meu pai.
Eles se separaram quando
eu tinha apenas dois anos de idade e, apesar de a minha mãe nunca falar mal do
meu pai, algumas situações fizeram com que eu me distanciasse dele ao longo do
tempo.
Num dia dos pais, eu
fiquei o esperando com o presente nas mãos, mas ele não apareceu para pegá-lo.
Noutra vez, ele marcou de viajar comigo e, por algum motivo banal, me deixou
esperando por horas e não apareceu. Sem contar as inúmeras vezes que ele se esqueceu
do meu aniversário.
Com esses pequenos
acontecimentos, fui crescendo e perdoando meu pai, entendendo que ele tinha a
vida dele e não podia parar a sua rotina para ficar me paparicando.
Simplesmente aceitei os fatos e passei a viver bem com esta situação. O meu
amor por ele, porém, parecia não ter raízes. Em todos os encontros com ele, eu
me sentia superficial, sem querer aprofundar os laços. Essa resistência era
minha, não dele. Até que eu comecei a perceber que ele vinha se esforçando para
ser mais atencioso comigo, querendo cuidar um pouco mais de mim. Ele parou de
esquecer o meu aniversário, começou a aparecer em todas as festinhas, a me
buscar no aeroporto quando eu viajava e até a andar comigo pelo centro da
cidade para procurar alguma coisa inútil que eu quisesse.
Enfim, o meu pai havia
mudado e estava deixando transparecer cada vez mais o seu amor por mim. Eu, entretanto,
na minha racionalidade, não estava fazendo o mesmo por ele, ou seja, não estava
mostrando o meu amor e cuidado por ele. No aniversário dele deste ano, por
exemplo, eu não me preocupei nem em ligar para dar os parabéns. Graças a Deus que
minha mãe ligou e colocou o celular no meu ouvido, quase 00:00h do dia 05/04 (meu
pai faz aniversário no dia 04/04) para eu falar com ele. Sem contar as vezes em
que declarei que, no dia do meu casamento, eu entraria sozinha na igreja, pois
meu pai não havia me criado e não merecia a honra em me levar ao altar.
Até que, em certa ocasião,
eu percebi que estava honrando apenas minha mãe e esquecendo meu pai. Foi em
julho de 2012. Eu estava chegando do curso e um varão usado por Deus estava
cheio do Espírito Santo, falando coisas da parte do Senhor para alguns irmãos
da minha igreja. Dentre as várias palavras que ouvi dele, um ponto especial me
chamou atenção. Ele me disse: “Você está preocupada com a morte de alguém, mas
o senhor manda dizer que irá te consolar”.
De fato, fiquei muito
preocupada, pois há alguns dias eu havia almoçado com o meu pai e senti algo
estranho. Suas atitudes estavam diferentes, parecia que ele queria deixar uma
boa impressão. Senti como se ele estivesse se despedindo de mim. Fiquei
angustiada com isso. No momento que aquele irmão falou, percebi perfeitamente o
que Deus queria me dizer. Orei uns dois dias e preferi tirar isso da cabeça
para não sofrer, mas o Senhor, com a sua infinita misericórdia, usou o Pr Leônidas
no culto de 15/07/12 (domingo). Ele falou que havia visto uma senhora do meu
lado me consolando da morte de alguém e, na mesma hora, eu citei para a igreja
o que havia acontecido nos últimos dias. Todos clamaram pela vida do meu pai.
Ainda no domingo,
cheguei à casa e fui contar para minha mãe o ocorrido. Ela disse: “Sonhei que estava
avisando à Joyce (minha prima) da morte do pai dela”. No sonho, o amigo do pai
dela me contava que ele havia morrido e que era pra eu pegar uma blusa dele criança
e outras três dele adulto. Para minha surpresa, entre as blusas, tinha a blusa
do botafogo (time do meu pai). O pai da Joyce é flamenguista.
Mais uma vez, senti o
senhor me avisando antecipadamente da morte do meu pai. No domingo, eu fui
dormir chorando e clamando a Deus pela sua misericórdia, pois meu pai não se
converteu ao evangelho e eu preciso de tempo para honrá-lo e cuidar dele.
No livro de Ester, é relatada
a ameaça contra o povo de Jerusalém. Mordecai, sabendo que ele e o seu povo
seriam mortos, se vestiu de roupas de pano grosseiro em sinal de tristeza para
clamar pela misericórdia do Rei.
Na segunda-feira, eu
acordei com o coração angustiado e me coloquei na posição de Mordecai. Não me
vesti de roupas feitas de pano grosseiro, mas meu coração estava muito triste.
Clamei pela misericórdia do senhor. Por
todo o dia, mantive meu coração contrito e elevado aos céus. Agora à noite, fui
orar e agradecer a Deus pelo meu dia. Pedi que ele falasse comigo o que ele
quisesse, e não o que eu gostaria de ouvir. Para a glória de Deus, o Senhor
falou comigo pelo livro de Salmos nos capítulos 116 (Deus salva da morte) e cap
117 (Louvor a Deus, o Senhor).
Glorificado seja o nome
do senhor, que nos proporciona acertar os nossos erros a tempo. A misericórdia
e o amor de Deus são muito grandes. Eu louvo a Deus por todos os seus feitos e
por todas as suas maravilhas.
Não sei como tem sido o
seu tratamento com seu pai e sua mãe, mas independente do que eles façam e por
maior que seja o motivo que tem distanciado você dessas pessoas, é possível
voltar atrás e resgatar o tempo perdido, ainda é possível honrar o seu pai e a sua
mãe.
Algumas vezes dizemos
assim: “Pai e mãe nós não escolhemos, mas os amigos e os cônjuges, nós que
escolhemos”. Isso nos leva a pressupor que sabemos escolher muito bem os nossos
amigos e o nosso cônjuge. A mensagem que quero deixar hoje é que foi Deus quem
escolheu o meu pai e a minha mãe e que eu não poderia ter feito tão boa escolha.
Deus tem o melhor para cada um de nós e o primeiro presente que recebemos do
senhor nesta vida foi o nosso pai e a nossa mãe. Vamos honrá-los a cada dia
mais. O amor de Deus e a sua misericórdia esteja sempre nas nossas vidas.
Ariane
Corrigido e revisado
por: Renato Lopes